quinta-feira, 3 de outubro de 2013


Some digressions asking (screaming) for a huge title




Cada pessoa é perseguida por um único assunto a vida toda, eu acredito. E por se tratar de um único, esse mesmo assunto se vela de quem o persegue, se mantém mudo e reforça sua obscuridade à cada pergunta feita. Por melhores que elas (as perguntas) sejam feitas, mesmo que se colham bons indícios ou respostas temporárias, o « quase lá » ainda não é « lá ». De fato o « quase lá » é uma trégua da palavra emprestada, da arbitrariedade de toda tradução.
Talvez esse assunto tenha uma imunologia própria, independente de mim e dos meus recursos, mantendo-se intangível às minhas investidas.


À cada conversa comprometida com essa busca, à cada desenho, em cada tradução parece haver um rebatimento que gera um desvio. É como se houvesse um rio que corresse muito forte, e cada tentativa de penetrá-lo fossemos arremessados para fora, ou que cada tentativa de barragem fosse destruída e desse choque nascesse um novo afluente. Esses afluentes sim nos seriam acessíveis, teriam uma corrente mais branda, porém seguiriam um sentido refratário em relação ao primeiro rio.

Penso sobre esses afluentes como tentativas de construção de sentido diante de algo que não se apresenta em uma só visada. É por causa desse fluxo maior, e central, desse contingente ainda amorfo e intempestivo que se dão vazão à outros leitos. Essa vazão é uma necessidade do curso que corre, mas o curso que corre também é uma necessidade da vazão.
Pois tal como os rios secundários, as digressões partidas de um assunto principal seguem regras próprias e habitam outro tempo. Cada uma delas é uma aposta em um momento e no caminhar de uma conversa, e assim seguem comprometidas consigo, buscando tirar de si algo deixado em suspenso.

No entanto essas divergências todas têm sua origem em comum, são nascimentos diversos de uma mesma fonte, e que minguam ao se distanciarem da fonte mesma.


De todo modo, os trabalhos que apresento aqui se estruturam à partir desse fracasso de capturar o tal assunto principal. Ora se aproximam dele, ora repetem trajetórias, retraçam módulos, emprestam gestos análogos (estou andando em círculos?), se cruzam e seguem até onde podem.
Em um momento de otimismo me permito dizer que com a mostra desses excursos-fracassos se ergue um espectro da coisa (assunto). Tal como um conjunto de paratextos subtraídos do texto em si. Um negativo, um equivalente, isto é se nos permitirmos por alguns instantes estarmos o oposto de concentrados.




Pedro Campanha
Berlim, setembro de 2013

terça-feira, 10 de setembro de 2013

domingo, 1 de setembro de 2013



A few digressions asking (screaming) for a huge title














domingo, 7 de julho de 2013

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passo disso



O passado de cada dia nunca pertence ao passado
O passe é o infortúnio inevitável em que me movo

Olho para o passe enquanto o passo, e a légua maior pertence ao meu movimento.
incontável légua dentro de mim,
estrada amorfa marcada por minha pésada.

Os pés pesam sobre o piso
e o passo pensa sob mim
pouco peso sobre o piso.

Piso firme, pés estreitos
pista fria pelos pêlos,
pelo peito prenso chiam meus novelos

quando me recordo já me perdi de mim
desgarrei do osso
virei um passadiço inventado.

Passo disso: largo o Pedro,
alargo a palma.




Berlin, junho 2013, 05:50 a.m.

domingo, 30 de junho de 2013

domingo, 23 de junho de 2013







poesia classe média


na sala de estar cansada da sala
mudou os móveis de lugar.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

quinta-feira, 2 de maio de 2013










i reach the infinity not by piling up, but by removing finite parts

c.k.








quinta-feira, 25 de abril de 2013


the battle of martin kippenberger against himself








sábado, 20 de abril de 2013